Sem penas nas asas,
Nome de andorinha;
Cresce nas searas,
Entre erva daninha.
Tem guarida nas lezírias,
Mora longe da cidade,
Tem na Lua o candeeiro
Em noites frias de irmandade.
Tem força na voz,
Lágrimas de vento.
As mãos calejadas,
Sonhos ao relento.
Tem a míngua como irmã,
Meta na felicidade;
Conhecem-na além fronteiras,
Chama-se fraternidade.
Dos fracos não reza a história;
Apelidos sem brasão.
Ter mais cravos que jardins;
Enxadas, em vez de mãos.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Feliz Mortal
Quando à noite puseres a chave ao lar
E olhares para a tua mulher à ceia...
E nela vires quem estiveste a alugar.
E fores para a cama de barriga cheia....
Quando cedo voltares a por-te a pé
E pelo caminho encolheres a mão
Quando te lembrares onde perdeste a fé
Na gaveta onde escondeste o coração...
Quando pagares contas em alvoroço
E o ar de dentro pesar chumbo
E deixares as sobras do almoço
A salivar noutro lado do Mundo
Tenho sido o nó da tua gravata
Quando vês montras, a salivar
À procura da forma mais barata
De comprar tempo a quem to dá sem cobrar...
Quando o tempo voltar a faltar
A quem trouxeste ao Mundo por engano
Será tarde de mais para acordar
E o presépio cai ao som de um piano...
Desejo-te um Feliz Mortal...
E olhares para a tua mulher à ceia...
E nela vires quem estiveste a alugar.
E fores para a cama de barriga cheia....
Quando cedo voltares a por-te a pé
E pelo caminho encolheres a mão
Quando te lembrares onde perdeste a fé
Na gaveta onde escondeste o coração...
Quando pagares contas em alvoroço
E o ar de dentro pesar chumbo
E deixares as sobras do almoço
A salivar noutro lado do Mundo
Tenho sido o nó da tua gravata
Quando vês montras, a salivar
À procura da forma mais barata
De comprar tempo a quem to dá sem cobrar...
Quando o tempo voltar a faltar
A quem trouxeste ao Mundo por engano
Será tarde de mais para acordar
E o presépio cai ao som de um piano...
Desejo-te um Feliz Mortal...
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Esta força
Atiraste-me aos lobos e eu voltei liderando a alcateia.
Desenhaste o meu destino a carvão, mas eu tatuei-o.
Queria tanto ser...
Queria tanto ter...
Queria tanto querer...
É esta força...
Desenhaste o meu destino a carvão, mas eu tatuei-o.
Queria tanto ser...
Queria tanto ter...
Queria tanto querer...
É esta força...
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Má nova
Quando o peito, de repente, implode ao som de uma ambulância,
E o Amor que nele guardas se esfuma em aneis de ânsia
Por saber se foste tu, no sítio errado à hora má,
Por ouvir de novo a tua voz a gargalhar "papá"...
É então que os dedos tremem, e a voz falha, de emoção.
E trezentos mil cavalos puxam pelo coração.
A má nova corre leve, chega sempre de rajada;
Leva tudo, guarda pouco, marca muito, deixa nada.
E o Amor que nele guardas se esfuma em aneis de ânsia
Por saber se foste tu, no sítio errado à hora má,
Por ouvir de novo a tua voz a gargalhar "papá"...
É então que os dedos tremem, e a voz falha, de emoção.
E trezentos mil cavalos puxam pelo coração.
A má nova corre leve, chega sempre de rajada;
Leva tudo, guarda pouco, marca muito, deixa nada.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Ceamos cio
Tens um travo a sangue de mim, vazio;
Põe o prato na mesa, ceamos cio...
Tens nas mãos a semente do teu amor,
Fecha a porta não deixes ir o calor.
Vence o ar e vem suar a dois
Gastamos e poupamos depois
Vamos ser primeiro só assim
Sem pensar no que há depois do fim...
Põe o prato na mesa, ceamos cio...
Tens nas mãos a semente do teu amor,
Fecha a porta não deixes ir o calor.
Vence o ar e vem suar a dois
Gastamos e poupamos depois
Vamos ser primeiro só assim
Sem pensar no que há depois do fim...
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Por caiar
Quantos gritos cabem no teu silêncio?
Quantos pensamentos no olhar;
Quanta falsa esperança na fé que vendes;
Quantos muros ergues, por caiar?
Quantos alimentos no teu jejum...
Quantos universos no teu jardim?
Quantas aleluias entre pecados,
Quantos como tu, dentro de mim...
Quantas ilusões, a arco-íris;
Quantas tempestades de mar bravio;
Quantos calabouços nas tuas torres?
Quantas chamas ardem, no teu pavio?..
Quantas horas mortas, ou por matar
Quantos comprimidos por copo de água
Quantas vezes tentas por tentar
Quanta vida amorfa na tua mágoa!..
Quantos pensamentos no olhar;
Quanta falsa esperança na fé que vendes;
Quantos muros ergues, por caiar?
Quantos alimentos no teu jejum...
Quantos universos no teu jardim?
Quantas aleluias entre pecados,
Quantos como tu, dentro de mim...
Quantas ilusões, a arco-íris;
Quantas tempestades de mar bravio;
Quantos calabouços nas tuas torres?
Quantas chamas ardem, no teu pavio?..
Quantas horas mortas, ou por matar
Quantos comprimidos por copo de água
Quantas vezes tentas por tentar
Quanta vida amorfa na tua mágoa!..
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Valsa Falsa
Escondidos numa cabeça falsa,
À noite dançamos os dois a valsa.
E quando são horas do sol aparecer, não vem;
Prefere ficar deitado;
Num sono mal amanhado;
Que o corpo, celeste foi; e esta noite, amanheceu-me.
Perdido para sempre num tabuleiro,
De um jogo esfumado, um cinzeiro.
E quando são horas da mão chegar ao fim;
Sai mais uma chávena quente;
De chá para aquecer a gente;
Para tudo recomeçar; é a tua vez de jogar.
Focado num novo amanhecer
Com a força daquilo que tem que ser;
Tapas os pés, destapas o coração;
Que a manta não cresce mais,
Para abafar os teus "ais"
Que deixas escapar sem querer,
Mas desta vez... é a doer...
Não dances mais, não faças isso.
Não te arrependas desse feitiço.
Não chores pois, lágrimas vãs;
Havemos de ter mais manhãs.
À noite dançamos os dois a valsa.
E quando são horas do sol aparecer, não vem;
Prefere ficar deitado;
Num sono mal amanhado;
Que o corpo, celeste foi; e esta noite, amanheceu-me.
Perdido para sempre num tabuleiro,
De um jogo esfumado, um cinzeiro.
E quando são horas da mão chegar ao fim;
Sai mais uma chávena quente;
De chá para aquecer a gente;
Para tudo recomeçar; é a tua vez de jogar.
Focado num novo amanhecer
Com a força daquilo que tem que ser;
Tapas os pés, destapas o coração;
Que a manta não cresce mais,
Para abafar os teus "ais"
Que deixas escapar sem querer,
Mas desta vez... é a doer...
Não dances mais, não faças isso.
Não te arrependas desse feitiço.
Não chores pois, lágrimas vãs;
Havemos de ter mais manhãs.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Cai que cai
Fé aos molhos, parca seiva, que isso é sol de pouca dura;
Não faz falta quem cá está, esses nem a fé segura.
Olhos espertos, remoínhos, seres dançantes de agonia;
Quem os olha, queima-os vivos, quer de noite, quer de dia.
Quer de mais, quer por querer, querer ser mais que o que há-de vir;
Se dançando se vai longe, é dançar até cair.
Mas caindo não sorri, não reage nos vazios;
Porque a fé aos molhos seca os olhos espertos, vadios.
Não faz falta quem cá está, esses nem a fé segura.
Olhos espertos, remoínhos, seres dançantes de agonia;
Quem os olha, queima-os vivos, quer de noite, quer de dia.
Quer de mais, quer por querer, querer ser mais que o que há-de vir;
Se dançando se vai longe, é dançar até cair.
Mas caindo não sorri, não reage nos vazios;
Porque a fé aos molhos seca os olhos espertos, vadios.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Tanto azul
Qual tempo? Qual vontade?
Ser é isso mesmo!, é não ter pressa de fingir.
Não ter pesos na barriga, nem sóis de cartolina presos por arames, daqueles que toda a gente vê que são falsos, mas teimam em misturar-se com sombras para passar despercebidos.
E as sombras? São nossas? Existem? Ou somos nós que, de as forçarmos, as olhamos?
Não há tempo; nem vontade; nem tempo para ter vontade; nem vontade de arranjar tempo.
Que há então? Os arames; as sombras; a cartolina já gasta pela cor dos sóis.
E o vazio dos mesmos em cada resma de folhas.
Singularmente recortados, plastificados, para resistir ao tempo que teima em não haver.
E o teu azul, é igual ao meu?
O brilho da tua cartolina é mais ou menos que o que veste a minha?
Sabes que há cores que só nós vemos.
E assim não temos com que comparar; nem queremos.
O nosso azul é sempre mais azul.
Porque é nosso.
Como se azular fosse um verbo que tivesse o atributo de pertença, ou se o azul soubesse como ser dependendo de quem é.
E a cartolina, com o passar do tempo (que não há...), fica gasta, e perde a cor.
Para onde vai o azul então?
Deixou de ser tão nosso, e por isso desmaiou?
E se o voltarmos a querer como dantes, ganha vida?
E brilha mais?
E por o querermos, tê-lo-emos?
E tempo para isso, há?
Nem vontade...
Ser é isso mesmo!, é não ter pressa de fingir.
Não ter pesos na barriga, nem sóis de cartolina presos por arames, daqueles que toda a gente vê que são falsos, mas teimam em misturar-se com sombras para passar despercebidos.
E as sombras? São nossas? Existem? Ou somos nós que, de as forçarmos, as olhamos?
Não há tempo; nem vontade; nem tempo para ter vontade; nem vontade de arranjar tempo.
Que há então? Os arames; as sombras; a cartolina já gasta pela cor dos sóis.
E o vazio dos mesmos em cada resma de folhas.
Singularmente recortados, plastificados, para resistir ao tempo que teima em não haver.
E o teu azul, é igual ao meu?
O brilho da tua cartolina é mais ou menos que o que veste a minha?
E assim não temos com que comparar; nem queremos.
O nosso azul é sempre mais azul.
Porque é nosso.
Como se azular fosse um verbo que tivesse o atributo de pertença, ou se o azul soubesse como ser dependendo de quem é.
E a cartolina, com o passar do tempo (que não há...), fica gasta, e perde a cor.
Para onde vai o azul então?
Deixou de ser tão nosso, e por isso desmaiou?
E se o voltarmos a querer como dantes, ganha vida?
E brilha mais?
E por o querermos, tê-lo-emos?
E tempo para isso, há?
Nem vontade...
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Lagolís
Mãe, já não vejo o lagolís - tão bonito!..
Entre o que penso e a boca diz, cabe o infinito.
Sempre a tentar escamotear o coração.
Se insistir, vai acabar por morrer;
Só e com falta de ar.
Entre o que penso e a boca diz, cabe o infinito.
Sempre a tentar escamotear o coração.
Se insistir, vai acabar por morrer;
Só e com falta de ar.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Nó Cego
Quase que sai, mas insiste
Em cá ficar para sempre
O que cá mora desiste
Mais um dia que se rompe
Quase que sai, mas estanca
Como se o medo falasse
Falta-lhe ritmo na anca
Olhos baços, sem classe
Quase que sai, mas é dia
De refrear a vontade
Enquanto a alma lhe ardia
Deu por vencida a vaidade
Quase que sai mas é cedo
E o dia é demorado
Árvore com raíz de medo
Arbusto tão desfolhado
Quase que sai, mas é tarde
Que o tempo foi de corrida
Haja espaço para que guarde
Mais uma falsa partida...
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