sexta-feira, 9 de maio de 2014

Tanto azul

Qual tempo? Qual vontade?
Ser é isso mesmo!, é não ter pressa de fingir.
Não ter pesos na barriga, nem sóis de cartolina presos por arames, daqueles que toda a gente vê que são falsos, mas teimam em misturar-se com sombras para passar despercebidos.
E as sombras? São nossas? Existem? Ou somos nós que, de as forçarmos, as olhamos?

Não há tempo; nem vontade; nem tempo para ter vontade; nem vontade de arranjar tempo.
Que há então? Os arames; as sombras; a cartolina já gasta pela cor dos sóis.
E o vazio dos mesmos em cada resma de folhas.
Singularmente recortados, plastificados, para resistir ao tempo que teima em não haver.

E o teu azul, é igual ao meu?
O brilho da tua cartolina é mais ou menos que o que veste a minha?

Sabes que há cores que só nós vemos.
E assim não temos com que comparar; nem queremos.
O nosso azul é sempre mais azul.
Porque é nosso.
Como se azular fosse um verbo que tivesse o atributo de pertença, ou se o azul soubesse como ser dependendo de quem é.

E a cartolina, com o passar do tempo (que não há...), fica gasta, e perde a cor.
Para onde vai o azul então?
Deixou de ser tão nosso, e por isso desmaiou?
E se o voltarmos a querer como dantes, ganha vida?
E brilha mais?
E por o querermos, tê-lo-emos?

E tempo para isso, há?
Nem vontade...







Vai-vem da Alma

Sabes que mais?
Perdes-te por dentro sempre que sais de ti.