sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Incógnito

Apaga-me os olhos, ainda posso ver
Pintado de negro para transparecer
Saudade prescrita, a convalescer
Do medo da vida, de poder morrer

Na curva do sonho, a pressa de vencer
O peito gelado, o sangue a ferver
Deitados, colados, a gastar prazer
No fim nem há paz para adormecer...

E vives convencido que isso é viver;
Incógnito, escondido, para ninguém te ver...



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Prefácio I

Preso ao mastro, arqueado, contra o vento
Rodeado pela imensidão de mar
Esqueço o tempo, que também me esquece a mim
Frente às nuvens, carregadas, que se chegam
Ancorado à maré que não mais desce
Céu aberto, como o peito, olhos não;
Ignorando as gaivotas que me avisam;

“Ontem já não volta, já não é”...


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Os lobos batem-me à porta

Os lobos batem-me à porta...
Afiam dentes no escuro.
O peito grita revolta;
Nascem fissuras no muro.

Que isola o meu sentir,
E me divide do Mundo.
Num permanente cair,
Num pré futuro defunto.

Devo eu abrir a porta?
Devagar, ou de rompante...
Ou guardar em sacos rotos,
A memória de elefante?

Os lobos batem-me à porta...