Hoje, é Natal...
As ruas enfeitadas brilham sobre a chuva na calçada, que reflecte as montras das lojas, abertas até mais tarde.
A padaria do bairro despachou a última fornada de pão quente, e o cheiro convida as pessoas que formam fila à porta a entrar em busca do último ingrediente do jantar que os espera.
Hoje, não vou de elevador. Utilizo as escadas, na subida até ao último andar do prédio.
O cheiro a bolos e canela brinca e mistura-se com o das refeições quentes no forno. Entre cada andar, o riso de crianças interrompe as minhas fantasias: ora sou morador num apartamento e vou receber os meus convidados à porta do prédio, levando-os para o conforto de casa, onde nos espera a minha mulher e os meus filhos, ora sou eu mesmo um convidado, a chegar a um andar onde o calor de uma família amiga me espera.
Qualquer dos casos me é estranho; e nunca vou saber o que nasce no peito numa situação destas; mas também não interessa...
É quase hora de jantar, os convidados estão a chegar, significa que está na minha hora.
Desço os degraus apressadamente, tão depressa quanto os meus joelhos trémulos permitem.
Não quero cruzar-me com nenhum dos moradores.
Entre o 3º e o 2º andares encontro um cartão novo - alguém comprou uma televisão... hoje vou dormir mais quente.
Feliz Natal...
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Adivinha
Usas-me ao pescoço,
Guardas-me no bolso...
Trocas-me por medo,
Choras-me em segredo...
Espero e tu não vens...
Sou a fé que já não tens
Guardas-me no bolso...
Trocas-me por medo,
Choras-me em segredo...
Espero e tu não vens...
Sou a fé que já não tens
Anjo Negro
De escuro te vestes
Do escuro me olhas
De escuro acinzentas
A mais escura das horas
Anjo Negro, diz-me quem és tu
O cair da noite, põe-te a alma a nú
Anjo Negro, mostra-me quem és
Diz-me porque insistes em prender-me os pés...
Do escuro me olhas
De escuro acinzentas
A mais escura das horas
Anjo Negro, diz-me quem és tu
O cair da noite, põe-te a alma a nú
Anjo Negro, mostra-me quem és
Diz-me porque insistes em prender-me os pés...
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Contra-relógio
Tortuoso, o conceito, do presente, do agora
O conforto do teu colo à distância de uma hora
Que não passa, que se estica, se transforma, e complica...
...A noção do dia de hoje, do presente, do agora
De quem tem guardada a dor, de ter a dor de deitar fora
Todo o tempo, passageiro, que se arrasta, não ligeiro...
...Ao encontro do conceito do presente, do agora
O conforto do teu colo tão distante, que demora
E por isso, me consome, mata a fome, quem outrora...
...Tinha dentro, do seu peito, o conceito de agora
O conforto do teu colo à distância de uma hora
Que não passa, que se estica, se transforma, e complica...
...A noção do dia de hoje, do presente, do agora
De quem tem guardada a dor, de ter a dor de deitar fora
Todo o tempo, passageiro, que se arrasta, não ligeiro...
...Ao encontro do conceito do presente, do agora
O conforto do teu colo tão distante, que demora
E por isso, me consome, mata a fome, quem outrora...
...Tinha dentro, do seu peito, o conceito de agora
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Face Oculta
Não cabe mais espaço entre nós
Eu fiquei sem nada para dizer
Quando, mesmo juntos, estamos sós
Pouco ou nada resta para fazer
Quando o cansaço é mais forte
E a falta de ar respira em mim
Prefiro tentar a minha sorte
Do que ser mais um assim-assim...
Quando a face oculta surge
E revela o monstro Solidão
Todo o tempo é escasso e urge
Para voltar a pôr os pés no chão
Ponderar cada momento
E viver à sombra de um "porquê?"
Eu rejeito o sentimento
Que me faz doer mas não se vê...
Eu sigo sem ti...
Eu fiquei sem nada para dizer
Quando, mesmo juntos, estamos sós
Pouco ou nada resta para fazer
Quando o cansaço é mais forte
E a falta de ar respira em mim
Prefiro tentar a minha sorte
Do que ser mais um assim-assim...
Quando a face oculta surge
E revela o monstro Solidão
Todo o tempo é escasso e urge
Para voltar a pôr os pés no chão
Ponderar cada momento
E viver à sombra de um "porquê?"
Eu rejeito o sentimento
Que me faz doer mas não se vê...
Eu sigo sem ti...
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Nado Morto
O meu menino é de oiro
Minha princesa, de cristal
O meu bebé é feito
De papel vegetal
Nunca me abre os olhos
Não sabe respirar...
Pode não saber rir,
Mas nunca vai chorar
Alguém, que olhe por ele, enquanto eu não estou....
Alguém lhe conte uma história, enquanto eu não estou....
Alguém lhe faça uma festa, enquanto eu não estou...
Alguém que o embale e adormeça, enquanto eu não estou...
Minha princesa, de cristal
O meu bebé é feito
De papel vegetal
Nunca me abre os olhos
Não sabe respirar...
Pode não saber rir,
Mas nunca vai chorar
Alguém, que olhe por ele, enquanto eu não estou....
Alguém lhe conte uma história, enquanto eu não estou....
Alguém lhe faça uma festa, enquanto eu não estou...
Alguém que o embale e adormeça, enquanto eu não estou...
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Sal
Se esta Vida é um mar
E cada onda é um dia,
Tu...
És a rede vazia
Se esta Vida é um mar
De maré aluada,
Tu...
És a rede furada
Se esta Vida é um mar
E a tua secou,
Tu...
Foste quem a nadou
E cada onda é um dia,
Tu...
És a rede vazia
Se esta Vida é um mar
De maré aluada,
Tu...
És a rede furada
Se esta Vida é um mar
E a tua secou,
Tu...
Foste quem a nadou
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Nuvem 7 Bordeaux
domingo, 19 de setembro de 2010
Sombra
Há uma sombra, fria e má
Que só vem de noite quando eu não estou cá...
Vive em mim, cá bem no fundo
Guarda as chaves dos portões p'ra outro Mundo
Eu não sei como aconteceu
De silêncio tomou conta do que é meu
Eu fiquei diferente de outros
Portador de um vírus que afasta a luz...
Vem disfarçada de arrepio
Cobre-me com um sobretudo sujo e frio
Conta-me histórias de assombração
Põe-me pedras no lugar do coração
Sem pedir, encosta-se a mim
Esgota-me os sentidos quase até ao fim
Pesa mais que um dia de Inverno
Puxa-me p'ra baixo num buraco eterno...
Que só vem de noite quando eu não estou cá...
Vive em mim, cá bem no fundo
Guarda as chaves dos portões p'ra outro Mundo
Eu não sei como aconteceu
De silêncio tomou conta do que é meu
Eu fiquei diferente de outros
Portador de um vírus que afasta a luz...
Vem disfarçada de arrepio
Cobre-me com um sobretudo sujo e frio
Conta-me histórias de assombração
Põe-me pedras no lugar do coração
Sem pedir, encosta-se a mim
Esgota-me os sentidos quase até ao fim
Pesa mais que um dia de Inverno
Puxa-me p'ra baixo num buraco eterno...
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Ódio de Estimação
Na Varanda do Morto
Na varanda do morto eu espero-te às vezes, à tarde
Entre os saltos das horas, sem histórias, aprendo a amar-te
Na varanda do morto não há quem me dê o bom dia
Não lá passa viv'alma e a minha, cada vez mais vazia...
Na varanda do morto um cigarro tem maços de tempo
Alimentam-se os cancros que moldam o meu pensamento
Na varanda do morto a razão já não sabe quem é
Para viver de joelhos, mas vale morrer de pé...
Entre os saltos das horas, sem histórias, aprendo a amar-te
Na varanda do morto não há quem me dê o bom dia
Não lá passa viv'alma e a minha, cada vez mais vazia...
Na varanda do morto um cigarro tem maços de tempo
Alimentam-se os cancros que moldam o meu pensamento
Na varanda do morto a razão já não sabe quem é
Para viver de joelhos, mas vale morrer de pé...
Subscrever:
Mensagens (Atom)