sexta-feira, 4 de maio de 2012

Auto Retrato - parte I


Tenho a Alma às cores, e as mãos a preto e branco;
Tenho asas nos pés e contra pesos à cintura.
Se tempos houve em que achei que ia chegar a tanto,
Esses delírios foram sol de pouca dura.
Assim, pinto em linhas rectas as curvas soltas da Vida.
Em tons de Outono mortiço, já de si deslavado.
Que interesse tem o final desta viagem sentida?
Se o que marca são passos de um caminho trilhado...
De peito cheio de nada, as mãos vazias de tudo;
A boca aberta ao vento, engole mais do que diz.
Os gritos mudos adornam as chagas de veludo
A morte lenta é doutora, o sol de dentro, aprendiz.